Em CPI, Alberto Youssef reafirma que Planalto sabia de tudo No total, deputados querem colher o depoimento de 13 presos até terça-feira
O doleiro Alberto Youssef voltou a afirmar, em depoimento à CPI da Petrobras, em Curitiba nesta segunda-feira (11), que o Planalto sabia do esquema de corrupção na Petrobras. Questionado pelos deputados se confirmava um depoimento anterior no qual citou nomes como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, ele confirmou. No entanto, negou que houvesse uma coordenação do Planalto no esquema.
— Não digo que havia uma coordenação mas eu acredito que eles tinham conhecimento, no meu entendimento, do que acontecia — respondeu ao Youssef.
Os parlamentares também questionaram se Youssef achava que o esquema de corrupção teria servido ao interesse do governo:
— Serviu ao interesse do partido, automaticamente aos partidos da base aliada — afirmou o doleiro.
Youssef disse ainda que recebeu dinheiro de uma empreiteira, em 2010, para “abafar” a CPI da Petrobras.
— Em 2010, eu fui contar a Queiroz Galvão e quando fui cobrar para que ela pudesse pagar seus débitos referentes aos contratos de diretorias de abastecimento da Petrobras, fui informado de que eles teriam repassado R$ 10 bilhões por conta do abafo dessa CPI — afirmou o doleiro.
A CPI da Petrobras começou a ouvir na manhã desta segunda-feira em Curitiba 13 investigados pela Operação Lava-Jato que estão presos no Paraná. Nesta segunda-feira serão ouvidos o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Soares (conhecido como Fernando Baiano), apontados como operadores do esquema de corrupção na estatal, além do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, os operadores Mario Goes e Guilherme Esteves, a doleira Iara Galdino e o empresário Adir Assad. Também deverá prestar depoimento o delegado da Polícia Federal Gerson Machado, chamado para colaborar com as investigações da CPI.
Os depoimentos acontecem no auditório do prédio da Justiça Federal na capital paranaense e estão abertos à imprensa. Os presos serão escoltados por policiais federais até as dependências do Judiciário.
As sessões foram marcadas com a anuência do juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava-Jato, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Além do acesso aos presos, Moro também autorizou o compartilhamento com os parlamentares de provas obtidas durante as investigações da Polícia Federal e do Ministéiro Público Federal.
Na terça-feira, estão marcados os depoimentos da doleira Nelma Kodama, do operador René Luiz Pereira, dos ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA), André Vargas (sem partido-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE) e, por fim, do doleiro Carlos Habib Chater, dono do posto de gasolina em Brasília que deu nome à operação da Polícia Federal.
Nesta segunda-feira, a Justiça Federal do Paraná inicia uma nova leva de depoimentos em Curitiba, com destaque para o de Ricardo Pessoa, da UTC.